Home office ganha adesão no país; veja direitos, cuidados e dicas para produtividade

O número de brasileiros que trabalham em esquema de home office, ou trabalho remoto, vem batendo recorde. A adesão aumentou com a alta do trabalho informal, mas também coincide com a reforma trabalhista, em vigor há dois anos, que regulamentou o trabalho em casa.

A prática, no entanto, exige cuidados por parte dos profissionais, que devem administrar o tempo para que não extrapolem a jornada e transformem sua casa em ambiente de trabalho. E as empresas devem se organizar para evitar problemas com fiscalizações e ações trabalhistas. Além disso, trabalhar à distância, longe do burburinho de colegas em um escritório, pode gerar desânimo e até solidão, justamente por não haver alguém para incentivar, dar opinião ou compartilhar experiências.

Levantamento divulgado em dezembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que, em 2018, 3,8 milhões de brasileiros trabalhavam dentro de casa, o chamado home office. Trata-se do maior contingente de pessoas nesta condição de trabalho já registrado – resultado da alta informalidade no país.

De acordo com o IBGE, o home office correspondia a 5,2% do total de trabalhadores ocupados no pais, excluídos da conta os empregados no setor público e os trabalhadores domésticos. Na comparação com 2012, quando teve início a série histórica da pesquisa, esse contingente teve alta de 44,4%.

Já dados da Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades (Sobratt) revelam que cresceu 22% a adoção do home office pelas empresas entre 2016 e 2018. Foram consultadas mais de 300 empresas de diferentes segmentos e portes, com capital nacional e internacional, que empregam mais de 1 milhão de pessoas.

A pesquisa mostrou que 45% das empresas participantes praticam home office e 15% estão avaliando a implantação.

Os segmentos onde a modalidade apresenta maior representatividade (44% do total) são TI/telecom (28%) e serviços (16%). E as áreas são tecnologia da informação, recursos humanos marketing, controladoria/finanças e jurídico.

Os principais objetivos para a implantação do home office foram:

  • melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores: 70%
  • mobilidade urbana (rodízio de veículos e diminuição do tempo no trânsito): 63%
  • concessão de benefício para os colaboradores: 47%
  • atração e retenção de talentos: 47%
  • redução de despesas com espaço físico: 36%
  • despesas e aumento de produtividade: 33%

No entanto, o home office é adotado principalmente para níveis de cargos específicos como executivos, diretores, coordenadores e supervisores (52%). Já 25% das empresas adotam para todos os cargos, incluindo os de natureza operacional, e 23% para todos, menos os operacionais.

  • 66% das empresas adotaram o regime parcialmente flexível, com carga horária definida, mas com flexibilidade de horário
  • 22% adotaram a jornada completamente flexível, podendo trabalhar em qualquer horário, já que o trabalho é medido por atividade e resultado
  • 18% adotaram o regime rígido, com hora para começar e terminar



Direitos trabalhistas

De acordo com Bianca Canzi, advogada especialista em direito do trabalho do escritório Aith, Badari e Luchin Advogados, a reforma trabalhista alterou o regimento da modalidade de prestação de serviço, pois agora os empregados não são submetidos ao controle de jornada e não terão direito ao recebimento de horas extras. Contudo, nada impede que o controle de jornada e as horas extras sejam acordados mediante acordo individual.

A nova lei ainda não especificou quem deverá arcar com as despesas relacionadas à aquisição, manutenção e fornecimento dos equipamentos necessários para o trabalho, sejam tecnológicos ou referentes à infraestrutura. Dessa forma, essa responsabilidade deverá estar prevista no contrato de trabalho. Além disso, o empregado segue com todos os direitos trabalhistas previstos, como férias, 13º salário, aviso prévio e as verbas rescisórias previstas pela lei trabalhista.

A advogada ressalta que a lei deixa clara a responsabilidade do empregador de instruir os trabalhadores sobre as precauções que devem ser tomadas para evitar doenças ocupacionais e acidentes, o que deve ser feito de “maneira expressa e ostensiva”. O trabalhador deverá assinar um termo de responsabilidade, comprometendo-se a seguir as instruções repassadas.

“As empresas devem buscar a transição entre antigos e novos modelos, não apenas do ponto de vista tecnológico, mas de cultura interna para prevenir possíveis problemas na Justiça do Trabalho. Muitas têm buscado conciliar tanto o trabalho tradicional como o home office, ao permitir que empregados trabalhem em casa em alguns dias da semana ou apenas às sextas-feiras, por exemplo”, diz a advogada.



Gestão do home office

Para Renato Grinberg, diretor geral da Tiger Consulting, a gestão de funcionários deve envolver métricas e mecanismos para checar se as metas estão evoluindo conforme planejado, além de desenvolver alto grau de confiança entre líderes e funcionários e ter algum tipo de contato presencial de tempos em tempos para evitar uma desconexão com quem está trabalhando de casa.

Grinberg alerta que, para quem faz home office, além do risco de perder a disciplina e se tornar menos produtivo, existe outro risco que é o de transformar qualquer período em horário de trabalho.

Nesses casos, o home office acaba se tornando um “office at home”, ou seja, a casa do profissional se torna a empresa e isso acaba tirando os potenciais benefícios da modalidade.

“Para que isso não aconteçam a questão fundamental é manter disciplina com os horários. Exceções podem obviamente ocorrer, contanto que a exceção não vire a regra. Para aqueles que são mais quantitativos, a minha métrica é permitir até duas exceções por semana. Se ocorrer mais do que isso, cuidado. Talvez você não esteja trabalhando de casa e sim transformando sua casa em um ambiente de trabalho”, aponta.



Dicas para ser produtivo

Os profissionais que trabalham em casa precisam evitar uma série de distrações a fim de não perder o ritmo do escritório. Pensando nisso, Paulo Marchetti, CEO da Compara, marketplace de seguros e produtos financeiros que já investe na modalidade de trabalho fora do escritório, listou abaixo 5 dicas de produtividade para quem faz home office.

Crie a própria agenda, com horários pré-definidos

Fazer home office não significa, exatamente, trabalhar no horário de sua preferência. É importante alinhar um horário com a sua equipe, em que todos estarão online. Geralmente, as empresas respeitam as escalas de um dia normal de trabalho. Ter um comprometimento com uma hora para começar e terminar vai ajudar a estabelecer uma disciplina, além de evitar distrações como a TV ou pendências pessoais.

Reserve um local tranquilo e confortável para trabalhar em casa

É importante ter um lugar apropriado para trabalhar em casa, um espaço que seja cômodo, organizado e silencioso para que você se dedique às tarefas do dia a dia. Por isso, desconsidere opções como o sofá da sala ou a cama do quarto, já que eles podem acabar com qualquer desejo de cumprir com as demandas de trabalho. Monte uma escrivaninha ou crie um escritório na sala mesmo – e negocie com familiares para que a sua presença em casa não seja um sinônimo de disponibilidade para momentos de lazer ou tarefas domésticas.

Esqueça as distrações como TV e redes sociais

Estar em casa durante uma tarde inteira pode ser uma tentação se você é fã de séries ou ama um programa de auditório na TV. Caso você não trabalhe nessa área, é importante evitar essas distrações. Outro fator que pode dispersar no home office são as redes sociais. Se a vontade de entrar nelas for grande, estabeleça pausas periódicas no trabalho para fazer isso.

Vista-se de forma apropriada

A forma como você se veste diz muito sobre como enfrenta os desafios do trabalho e que tipo de mensagem gostaria de compartilhar com o time. Quando estiver em home office, mantenha o dress code de um dia normal no escritório. Vista-se de maneira apropriada, como se fosse ter uma reunião com um dos seus líderes na empresa. E, certamente, numa ocasião como essa, você não iria de pijama.

Respeite o fim do expediente

Se você tem um horário para começar a trabalhar, é também importante estabelecer um fim para seu expediente. Apesar de você estar em casa, não trabalhe até altas horas da noite. Respeite seu horário e concentre-se para realizar todas as tarefas dentro dele. Ao fim do dia, desligue seu computador e aproveite o tempo livre para se dedicar a compromissos pessoais.



Solidão

O home office pode ajudar a desencadear epidemia de solidão e perda de produtividade nas empresas, tornando-se o vilão da saúde mental nas organizações, aponta recente estudo realizado pela consultoria global de gestão estratégica A.T. Kearney.

A análise revela a tendência a uma epidemia de solidão entre os trabalhadores nos próximos cinco anos, e ela deve ter como gatilho, entre outros fatores, o uso indiscriminado do trabalho remoto. O estudo revela ainda que a geração mais jovem é a que se sente mais só e sugere políticas corporativas para gerar senso de pertencimento nos colaboradores.

Segundo a análise, fatores como as mudanças de padrões e comportamento nos ambientes mais modernos de trabalho e o uso excessivo das redes sociais, entre outros, darão a essa tendência de solidão o status de epidemia. E, além do impacto na saúde física e mental, ela também acarretará a perda de produtividade nas empresas.

De acordo com o estudo, a solidão e o reduzido senso de pertencimento no ambiente de trabalho devem impactar o ambiente corporativo como um todo. A análise indica ainda que o número de trabalhadores remotos cresceu 115% entre 2008 e 2018 em nível global, e são justamente esses colaboradores os mais propensos a desistir do trabalho por causa da solidão.

“É fundamental promover ações de socialização, como happy hours, reuniões e treinamentos presenciais para despertar nos colaboradores o sentimento de que eles são parte do grupo e importantes para a empresa”, sugere Sandra Strongren, gestora da área de Recursos Humanos da A.T. Kearney no Brasil.

“Outra boa prática é a adoção de programas de mentores. O colaborador escolhe alguém mais sênior para que seja uma espécie de tutor dentro da companhia. É para essa pessoa que ele pedirá conselhos sobre sua vida profissional”, diz Sandra, lembrando que esse tipo de política ajuda a desenvolver no funcionário os sensos de direcionamento, inclusão e propósito.

O estudo da A.T. Kearney aponta ainda que ter amigos no trabalho importa, especialmente para os profissionais mais novos. Segundo o levantamento, 74% da Geração Z (nascidos a partir de 1995) e 69% dos Millenials (1980 – 1994) dizem que tendem a ficar numa companhia quando têm mais amigos ali. Os índices caem para 59% dos trabalhadores da Geração X (1965 – 1979) para e 40% entre os Baby Boomers (1945 – 1964).



Impacto positivo

Pesquisa divulgada pela Catho revela que 25% dos entrevistados trabalham em casa pelo menos uma vez por semana. Veja abaixo:

  • uma vez por semana (9%)
  • de uma a duas vezes por semana (6%)
  • de duas a três vezes por semana (3%)
  • mais de três vezes por semana (7,5%)

Ainda de acordo com o estudo, a produtividade se destacou entre os profissionais que trabalham em home office. Para 72% os impactos são positivos, enquanto para 24,5% são neutros.

Para Maiara Tortorette, gerente da Catho, para um futuro próximo, o conceito de confiança será cada vez mais presente. A relação será construída por meio de resultados e entregas, sem ter como base as tradicionais 44 horas semanais dentro de um escritório.

“A inserção desse modelo de trabalho será inevitável, principalmente com a expansão dos negócios ligados à área de tecnologia. Na Catho, por exemplo, já incorporamos o trabalho remoto até três vezes por semana e, alguns times, já são formados remotamente, se interligando de diferentes locais do Brasil com um único propósito”, afirma.


Fonte: www.g1.globo.com

Declaração do IR começa hoje. Saiba como declarar saque do FGTS e aplicações

— Embora o saque de FGTS seja rendimento isento de tributação, sua declaração é fundamental para que o Fisco acompanhe o fluxo de caixa do contribuinte — explica Antonio Gil Franco, sócio de impostos da EY (antiga Ernst & Young).O especialista alerta que, muitas vezes, o contribuinte usa recursos do FGTS na compra de um bem, como a casa própria. Se o recebimento desses recursos não estiver declarado no IR, a Receita pode questionar a origem do dinheiro usado na operação.

— Por isso é fundamental declarar saques de FGTS, que não são tributáveis, ou seja, não alteram o resultado da declaração — diz Antonio Gil.

Além disso, o contribuinte precisa incluir informações sobre suas aplicações financeiras. Seja no caso de renda fixa ou variável, esses dados são essenciais para não haver contestações futuras sobre o patrimônio declarado.

Os criptoativos, como o bitcoin, também devem ser informados. Como não há uma aba específica para esse tipo de investimento, deve-se usar “Bens e direitos”, mesmo campo onde são lançados os dados sobre investimentos em ações e renda fixa.

Está obrigado a prestar contas à Receita quem recebeu rendimentos tributáveis acima de R$ 28.559,70.



FGTS

Independentemente da forma de resgate (seja o saque emergencial, seja a retirada total após perda do emprego), trata-se de rendimento isento, cuja declaração ao Fisco é obrigatória.

O contribuinte deve declarar o valor resgatado no ano-calendário (neste caso, o que foi sacado em 2019) na ficha “Rendimentos isentos e não tributáveis”, sob o código 04.



Renda fixa

Em “Bens e direitos”, selecione o código 45 (Aplicação de renda fixa – CDB, RDB e outros). Informar, em “Discriminação”, o produto e o nome e o CNPJ da instituição em que o investimento foi feito. Informe os saldos em 31 de dezembro de 2018 e 2019. Cada aplicação deve ser registrada individualmente.

Depois, informe o rendimento obtido em “Rendimentos sujeitos à tributação exclusiva/definitiva”, com o CNPJ da fonte pagadora (banco ou corretora). Caso o valor seja zero, não é preciso preencher.



Renda variável

Devem ser listadas na declaração as atividades de compra e venda de ações, com os respectivos ganhos e prejuízos. Em “Bens e direitos”, selecione o item 31 (ações). Em “Discriminação”, informe o nome e o CNPJ da corretora e a quantidade de ações detida em 31 de dezembro de 2019. Também é preciso preencher a posição (custo) em dezembro de 2018 e 2019.

Os investimentos em ações devem ser declarados pelo seu custo de aquisição. Eles independem, a título de IR, da valorização ou desvalorização do papel no ano.

Se o investidor obteve ganho superior a R$ 20 mil com a venda de ações em um determinado mês, terá de pagar 15% de IR até o último dia útil do mês seguinte.



Previdência privada

O VGBL também é declarado em “Bens e direitos”, sob o código 97 (Vida Gerador de Benefício Livre). Informe, obrigatoriamente, nome e CNPJ da instituição, número da conta e dados da apólice da aplicação, assim como os saldos em 31 de dezembro de 2018 e mesma data de 2019. O VGBL não pode ser abatido do IR.

No caso do PGBL e de outros planos fechados de previdência, como o Fundo de Aposentadoria Programada Individual (Fapi), o contribuinte consegue abatimento da renda tributável. Mas, para isso, é preciso fazer a declaração no modelo completo. O programa da Receita calcula o limite de dedução de 12% sobre os rendimentos tributáveis. Entre na aba “Pagamentos efetuados” e selecione o código 36 (Previdência complementar). Informe nome e CNPJ da entidade, além do valor pago.



Bitcoin

As criptomoedas são um ativo financeiro e, portanto, devem ser declaradas em “Bens e direitos” sob o código 99. Na descrição do bem, o contribuinte precisa informar a quantidade de moedas virtuais que possuía em 31 de dezembro de 2018 e 2019, por seu custo de aquisição.

Ganhos com a venda de bitcoin estão sujeitos a 15% de IR, pagos até o último dia útil do mês seguinte à ocorrência.



Fonte: www.extra.globo.com

Chuvas recuperam hidrelétricas e conta de luz deve manter bandeira tarifária verde

A trajetória, que deve-se à intensificação das chuvas na região das usinas a partir do final de janeiro e a um consumo de eletricidade abaixo das expectativas iniciais, deve representar alívio no bolso dos brasileiros, ao manter as contas de luz sem cobranças adicionais geradas pelas chamadas bandeiras tarifárias, disseram especialistas à Reuters.

Se confirmadas as atuais projeções otimistas, os lagos das hidrelétricas do Sudeste poderiam alcançar o melhor nível desde 2016 ao fim do período tradicional de chuva na região das usinas, que vai de novembro a abril, enquanto no Nordeste os volumes ficariam próximos do registrado em 2012.

As precipitações têm sido fortes no Brasil neste ano, mas até a reta final de janeiro a água ainda caía principalmente em pontos distantes dos principais reservatórios hídricos, o que gerava algum temor de que fosse necessário acionar termelétricas de custo mais elevado para atender à demanda, gerando impactos para os consumidores.

“Tivemos um pequeno susto em janeiro, um pequeno atraso, mas sem sombra de dúvidas houve uma compensação no mês de fevereiro e no que é esperado para março. Do final de janeiro para a entrada de fevereiro, a chuva realmente ‘encaixou'”, disse à Reuters o sócio da comercializadora de energia True, Gustavo Arfux.

Ele projetou que em março as precipitações no Sudeste, onde estão os maiores reservatórios, poderiam superar 110% da média histórica para o mês, contra apenas 74% em janeiro e 102% em fevereiro.

Nesse cenário, os custos da energia para os consumidores não seriam elevados pelas bandeiras tarifárias, disse o presidente da comercializadora Bolt, Gustavo Ayala. O mecanismo gera cobranças adicionais quando sai do patamar verde para o amarelo ou vermelho, o que é definido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de acordo com a oferta de geração no sistema.

“A bandeira tarifária será verde agora para março. E também, principalmente para abril, maio, a tendência é que seja bandeira verde, porque haverá uma ‘poupança’ nos reservatórios”, afirmou.

O início negativo do período de chuvas havia levado a Aneel a definir a bandeira tarifária como vermelha em novembro e amarela em dezembro e janeiro. Em fevereiro, com previsões mais otimistas, o mecanismo ficou no patamar verde, sem custos extras.

“Pelo que temos de previsão de chuva até 6 de março, que é uma previsão mais certeira… já segura a bandeira verde até junho, pelo menos”, disse o presidente da Focus Energia, Alan Zelazo.

Um consumo de eletricidade mais fraco no primeiro trimestre, devido a um clima mais ameno que no ano passado, também tem contribuído para recuperar as represas.

“A carga está ‘performando’ abaixo (do esperado). E com o coronavírus ela deve vir mais baixa ainda. Não tem nenhuma questão de falta de abastecimento (de energia). Você vê que os reservatórios subiram mais rápido do que estava previsto”, acrescentou Zelazo.

O consumo de eletricidade no Brasil recuou 4,3% em janeiro e 1,9% na primeira quinzena de fevereiro, apontou a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). No início de janeiro, a CCEE projetava avanço de 4,2% no consumo em 2020, o que seria a maior alta anual desde 2013.

Além do consumo mais fraco de energia e das chuvas, a expansão da geração eólica no Nordeste e a operação a plena carga da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, também têm ajudado as usinas do Sudeste e Nordeste a acumular água.

A Focus vê reservatórios do Sudeste em 54% da capacidade ao final de abril, contra 38% atualmente e cerca de 58% em abril de 2016. Em meados de janeiro, a região havia registrado 21,5%, pior nível para o mês desde 2015.

No Nordeste, o nível avançou de 39,5% em meados de janeiro para quase 59% atuais, já o melhor no atual período desde 2012. A Focus projeta avanço para 70% do volume ao final do período úmido, ante quase 79% em abril de 2012.



DÉFICIT MENOR

Além de evitar cobranças adicionais para os consumidores de energia com as bandeiras tarifárias ou o acionamento de termelétricas, que depois têm custos repassados para as contas de luz, a recuperação dos reservatórios também é uma notícia positiva para empresas com portfólio de geração hídrica.

Isso porque operadores de hidrelétricas precisam comprar energia no mercado para cumprir seus compromissos quando as usinas não geram conforme o previsto por questões como o baixo nível das represas.

Esses custos, conhecidos como “risco hidrológico”, têm sido inclusive alvo de uma longa disputa judicial entre empresas de energia, o governo e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

“Essas chuvas com certeza aliviam bastante a necessidade de compra (de energia) por parte dos geradores para suprir o risco hidrológico. Tende a reduzir a exposição dos geradores. Se esse ano começou com uma expectativa, a previsão de déficit hidrológico agora é bem menor”, disse Ayala, da Bolt.

Atualmente, a Aneel tenta cobrar dos geradores uma conta de 8,24 bilhões por custos passados com o risco hidrológico, após empresas terem obtidos liminares na Justiça para evitar o pagamento.

O governo tem buscado viabilizar um acordo para que as empresas retirem as liminares e acertem os débitos em troca de uma compensação parcial desses custos por meio da prorrogação de contratos de concessão de usinas. O acerto, no entanto, depende da aprovação de um projeto de lei no Congresso.

Em paralelo, a disputa segue nos tribunais. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) previa analisar ações sobre o caso na semana passada, mas o assunto acabou retirado de pauta, sem previsão de retorno.


Fonte: www.extra.globo.com

Conselho da Petrobras aprova distribuição de R$ 1,7 bilhão em dividendos a acionistas

A estatal Petrobras informou que seu conselho de administração aprovou dividendos aos acionistas no valor de R$ 1,7 bilhão para as ações ordinárias e R$ 2,5 milhões para as ações preferenciais, segundo comunicado da companhia nesta quinta-feira (20).

Na véspera, a Petrobras anunciou que registrou lucro líquido de R$ 40,1 bilhões em 2019, o maior da história da estatal, impulsionado pela venda de ativos.

Os valores, calculados com base no resultado anual de 2019 e equivalentes a R$ 0,23 por ação ordinária e R$ 0,000449 por ação preferencial, serão pagos em 20 de maio.

A proposta de remuneração aos acionistas será encaminhada para deliberação da Assembleia Geral de Acionistas, marcada para 22 de abril.

Com isso, o valor total distribuído pela Petrobras aos acionistas referente aos resultados de 2019 será de R$ 10,6 bilhões, ou R$ 0,73 por ação ordinária e R$ 0,92 por ação preferencial em circulação, acrescentou a empresa.

“A data de corte para os detentores de ações de emissão da Petrobras negociadas na B3 será no dia 22 de abril de 2020 e a record date para os detentores de American Depositary Receipts (ADRs) negociadas na New York Stock Exchange – NYSE será o dia 24 de abril de 2020”, informou a Petrobras.

Programa Brasil Mais terá R$ 1 bi e buscará otimizar 200 mil empresas

O “Programa Brasil Mais”, anunciado nesta terça-feira (18) pelo governo federal, receberá investimento de cerca de R$ 1 bilhão, afirmou o porta-voz da presidência da República, Otávio Rêgo Barros.

Tendo como meta o aumento da eficiência das empresas, o programa foi dividido em quatro linhas: uma focada em otimização, envolvendo 200 mil empresas; outra, voltada à transformação digital, com 50 mil empresas; o ramo da chamada Economia 4.0 afetará seis mil empresas, e uma última, de “conduta ou sensibilização”, que envolve dois milhões de pessoas.

As informações foram repassadas pelo porta-voz após a cerimônia de lançamento do “Brasil Mais” ter sido cancelada.

Segundo Rêgo Barros, o programa irá integrar os serviços do Senai e Sebrae e disponibilizar uma plataforma única para iniciativas e para “difusão de informações e oportunidades para o aperfeiçoamento contínuo, o aumento da produtividade e a transformação digital das empresas brasileiras, com foco especial nas de micro, pequeno e médio porte”.

O porta-voz afirmou também que o “Brasil Mais” será o 2º maior programa de produtividade do mundo e o maior em transformação digital da América Latina.

Nota divulgada mais cedo pelo Ministério da Economia informou a meta do programa é aumentar a eficiência das empresas e oferecer soluções de baixo custo para melhoria de gestão e práticas produtivas de até 200 mil micro, pequenas e médias firmas até 2022.


Fonte: www.infomoney.com.br

Imposto de Renda: Receita paga nesta segunda restituições de lote residual

A Receita Federal paga nesta segunda-feira (17) as restituições de lote residual do Imposto de Renda de Pessoa Física, referentes aos exercícios de 2008 a 2019.

Ao todo, 116.188 contribuintes receberão R$ 297 milhões em 17 de fevereiro, de acordo com a Receita. Destes, R$ 184,5 milhões são referentes ao IR 2019, pagos a 77.200 contribuintes.

Os lotes residuais são os de contribuintes que caíram na malha fina do IR, mas depois regularizaram as pendências.

CLIQUE AQUI para consultar se você está no lote de restituição.

O órgão também disponibiliza um aplicativo para tablets e smartphones para consulta de informações sobre a restituição do IR e a situação cadastral do CPF.

Do valor total de restituições, R$ 133,46 milhões referem-se a contribuintes com prioridade no recebimento dos valores (idosos acima de 80 anos, contribuintes entre 60 e 79 anos, pessoas com alguma deficiência física ou mental ou moléstia grave e aqueles cuja maior fonte de renda seja o magistério).

As restituições referentes ao exercício de 2019 terão correção de 5,15%, referente à taxa Selic entre os meses de maio e fevereiro.


Malha fina

No fim do ano passado, a Receita Federal informou que 700 mil declarações estavam retidas na malha fina do IR de 2019 devido a inconsistências nas informações prestadas.

Nos últimos anos, a omissão de rendimentos foi o principal motivo para cair na malha fina, seguido por inconsistências na declaração de despesas médicas.

Para saber se está na malha fina, os contribuintes podem acessar o “extrato” do Imposto de Renda no site da Receita Federal no chamado e-CAC (Centro Virtual de Atendimento).

Para acessar o extrato do IR é necessário utilizar o código de acesso gerado na própria página da Receita Federal, ou certificado digital emitido por autoridade habilitada.

Veja o passo a passo do extrato do IR

Após verificar quais inconsistências foram encontradas pela Receita Federal na declaração do Imposto de Renda, o contribuinte pode enviar uma declaração retificadora.

Quando a situação for resolvida, o contribuinte sai da malha fina e, caso tenha direito, a restituição será incluída nos lotes residuais do Imposto de Renda.

Consumo de novas tecnologias ajuda a manter inflação baixa

A mudança no hábito do consumo das famílias provocada pela popularização dos aplicativos de transporte e compras em geral está contribuindo para um comportamento mais favorável dos preços dos serviços no país e ajudando a manter a inflação mais baixa.

As principais consequências da incorporação dos aplicativos no consumo diário são o aumento da concorrência em vários setores e a possibilidade de comparar valores, o que leva a uma tendência de queda dos preços.

Os benefícios dessa onda tecnológica ficam evidentes na inflação de serviços: em 2019, ela marcou 3,5%, abaixo da inflação geral, que ficou em 4,31%. No acumulado dos últimos 12 meses encerrados em janeiro, o IPCA ficou em 4,19%, enquanto a inflação de serviços atingiu 3,3%.

Até o fim de 2020, mesmo com a expectativa de aceleração da atividade econômica, a inflação de serviços deve seguir comportada: entre 3,5% e 4,6%, segundo analistas consultados pelo G1.

Preços controlados — Foto: Arte/G1

“Essa discussão tem sido muito forte, de quanto a tecnologia pode ajudar a reduzir os preços na economia, de como esses ganhos tecnológicos ajudaram as empresas a reduzir custo e aumentar a produtividade”, diz economista-chefe da Claritas, Marcela Rocha.

A inflação de serviços sempre foi um entrave para a economia brasileira porque, historicamente, rodou acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do Brasil. No cálculo de serviços entram, por exemplo, gastos com cuidados pessoais, como manicure, despesas com hotéis, transporte e alimentação fora de casa, entre outros.

Nas economias mais avançadas, o impacto da tecnologia na inflação tem sido chamado de “efeito Amazon”. A gigante de tecnologia se tornou símbolo desse movimento porque criou um modelo de distribuição de produtos que reduziu os custos de operação e, consequentemente, os preços – e que passou a ser copiado mundo afora.

“Essas novidades tecnológicas produzem 2 efeitos relevantes. O primeiro é a comparação de preços: Amazon, Buscapé, Rappi e outras empresas, colocam todas as lojas disponíveis em uma mesma plataforma e [o consumidor] consegue comparar. Isso traz um grau de competitividade maior e faz com que haja um reajuste de preços de forma mais coordenada”, diz Júlia Passabom, economista do Itaú-Unibanco.

“O segundo é a própria competição. Novos competidores às vezes chegam com políticas de preços mais agressivas”, completa.

Os efeitos do impacto da tecnologia da inflação devem começar a ficar mais evidentes nas próximas divulgações do IPCA. Com as mudanças de comportamento do consumidor apontadas na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) alterou a lista de itens que serão apurados para calcular a inflação.

Saem da conta itens que caíram em desuso e cujo peso ficou menor no orçamento das famílias, como aparelhos de DVD, máquinas fotográficas, microondas e liquidificadores; e entram serviços e produtos que ganharam importância na última década, como transporte por aplicativos e serviços de streaming, por exemplo.

“O que os modelos mostram é que a inflação de serviços deve seguir muito baixa em 2020, também em 3,5%. O PIB está acelerando, tem alguma retomada da atividade, mas a inflação segue num ritmo comportado e, talvez, isso não seja só pelo nível do emprego”, diz Marcela.


Novos hábitos

Levantamento realizado pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) revela bem como a tecnologia mudou o hábito de consumo do brasileiro.

Em 2018, de acordo com o Cetic.br, 70% dos brasileiros (126,9 milhões de pessoas) utilizavam a internet. Desses, 60% realizaram algum tipo de pesquisa de preço, 34% compraram ou encomendaram produtos ou serviços, e 19% divulgaram ou venderam produtos ou serviços.

O estudo também mostrou que 32% dos usuários de internet pediram táxis ou motoristas por aplicativos. Além dos aplicativos de transporte, outros serviços foram realizados online:

  • 28% pagaram por serviços de filme ou série pela internet;
  • 12% fizeram pedidos refeições em sites ou aplicativos;
  • 8% pagaram por serviços de música pela internet
  • 5% fizeram reservas quartos ou acomodações pela internet em site e aplicativos

“O mercado de compras via internet é um mercado que está crescendo”, afirma o analista de pesquisas do Cetic.br, Winston Oyadomari. “Quem oferece algum serviço pela internet está lidando com um mercado consumidor em expansão.”

Em 2018, 12% fizeram pedidos refeições em sites ou aplicativos — Foto: Carlos Jasso/Reuters



Depois que a estação Moema, do Metrô, foi inaugurada, o designer Celso Soares, de 30 anos, decidiu vender o carro em 2018. Para se locomover em São Paulo, começou a utilizar um aplicativo que mostra as rotas de transporte público.

“Sou de Brasília e lá a maioria das pessoas utiliza carro. Antes, até a inauguração da estação do Metrô do lado da minha casa, não tinha o costume de usar transporte público”, afirma.

Celso ainda não fez as contas de quanto economizou com a troca do carro pelo transporte público, mas lembra que passou a não ter gastos com estacionamento e gasolina.


Inflação de serviços, velho problema

A mudança tecnológica ajuda a explicar apenas uma parte da fraqueza da inflação de serviços no IPCA. Os analistas também ponderam que a lenta retomada da atividade econômica tem sido responsável pelo comportamento desse grupo de preços.

“A inflação de serviços fica mais baixa porque o produto [economia] não está crescendo perto de seu potencial”, diz Júlia Passabom, do Itaú.

A inflação de serviços costuma responder ao desempenho da economia. Se a atividade acelera e a taxa de desemprego cai, os preços de serviços costumam subir. O oposto também ocorre: se há aumento do desemprego, os custos dos serviços tendem a desacelerar, já que há menos gente disposta a consumir. No trimestre encerrado em fevereiro, o desemprego seguia elevado.

Essa dinâmica se dá porque, quando a economia está aquecida, há mais margem para o repasse de preços. “Não vemos pressão na inflação vindo da atividade econômica”, afirma Lais Carvalho, economista do banco Santander. “A recuperação da economia já era gradual, e ela tende a ser ainda mais”, afirmou.

Por anos, a economia brasileira lidou com uma inflação de serviços bastante elevada. Em 2011, por exemplo, subiu 9,6%. Naquele momento, a economia brasileira ainda mantinha um certo ritmo de crescimento e o país tinha pleno emprego. Ao longo dos últimos anos, a inflação de serviços só cedeu em 2017, quando o encerrou o ano em 4,5%.

“A redução da inflação dos últimos anos não teria acontecido se a inflação de serviços não tivesse caído também”, afirma Marcel Balassiano, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).

Em 2019, o IPCA subiu 4,31% e ficou acima do centro da meta, influenciado pelo alta do preço das carnes. Neste ano, a projeção do relatório do Focus, do Banco Central, indica que a inflação deve terminar o ano em 3,25%.



Fonte: www.g1.globo.com

Para analistas, dólar pode chegar em breve aos R$ 4,40: o que faria a moeda parar de subir?

Sendo dia de ânimo ou de aversão ao risco nos mercados mundiais, o dólar segue batendo sessão após sessão recorde em termos nominais, mostrando que a alta da moeda americana veio mesmo para ficar. Na sessão desta quarta-feira, o dólar comercial superou os R$ 4,35, renovando máxima histórica intradiária, após encerrar a última terça-feira em um novo recorde de fechamento a R$ 4,3269.

Com isso, apenas em 2020, a valorização da moeda ultrapassa os 8% – e a expectativa de analistas e economistas é de que o real ainda não vai encontrar forças para subir. Pelo contrário, o dólar pode se valorizar ainda mais.

O Credit Suisse, que na semana passada apontou que o dólar poderia chegar a R$ 4,30 com dados fracos da economia nacional e reflexo do coronavírus, apontou em novo relatório que a moeda americana pode ser negociada entre o intervalo de R$ 4,25 e R$ 4,45  no curto prazo.

Alvise Marino, estrategista do banco suíço, destaca como principal motivo para esta visão o ganho com carry trade (combinação entre fazer uma posição vendida em moeda com taxa de juros mais baixa e outra comprada em moeda com juro mais alto) cada vez menor no Brasil, uma vez que as taxas de juros no país estão historicamente baixas.

Além disso, aponta, há uma forte percepção entre os investidores, observada através do posicionamento dos investidores no mercado de câmbio, de que o Banco Central irá interferir no mercado caso o dólar atinja novos picos. Contudo, o Credit tem uma visão cautelosa sobre possíveis intervenções da autoridade monetária, percepção esta compartilhada pelo Morgan Stanley.

“Apesar do dólar estar nas máximas históricas, a probabilidade do BC entrar em ação permanece baixa”, apontam os estrategistas do Morgan, enquanto as expectativas de inflação permanecem baixas. O último Focus, divulgado na segunda-feira, reduziu de forma expressiva e pela sexta semana seguida a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2020, passando de 3,40% para 3,25%. “A sinalização das autoridades sugere que eles estão confortáveis com o dólar nos níveis atuais”, complementa a equipe do banco.

A última vez que o BC atuou mais fortemente foi em novembro de 2019. Na ocasião, o BC fez leilão de dólar em duas ocasiões apenas no dia 26 daquele mês, com a justificativa de que o real estava disfuncional e descolado de outras moedas. As intervenções se seguiram e, no dia 28, houve leilão à vista de US$ 1 bilhão, que ajudou a impulsionar a cotação do real em mais de 1% nas negociações intradiárias. Porém, por enquanto, os economistas não esperam uma atuação desta magnitude, uma vez que ela ocorreu, segundo a própria autoridade monetária, por conta da forte volatilidade da moeda.


Há chances do dólar voltar a cair?

Para o Credit, o que poderia fazer com que o dólar perdesse força no curto prazo, sendo negociado por volta do R$ 4,25, seria a mudança do discurso do Comitê de Política Monetária (Copom). Na avaliação do banco, apesar de ter cortado a Selic de 4,5% para 4,25% em reunião do último dia 5 de fevereiro, o Comitê indiciou menor flexibilidade na política monetária e fez com que os investidores interpretassem a mensagem como um fim do ciclo de cortes. A princípio, isso poderia levar a uma alta do real, já que os ganhos com carry trade, ainda que baixos, não diminuíram ainda mais.

Porém, com uma ata da reunião que ampliou os questionamentos sobre se o fim do ciclo realmente ocorrerá ou se há uma porta aberta para novos cortes (veja a análise completa clicando aqui), seguindo-se dos dados do IPCA de janeiro na sexta e de vendas no varejo abaixo do esperado nesta quarta, o real não encontra forças para subir. Nesta quarta, por exemplo, a moeda brasileira chegou a registrar o quarto pior desempenho entre os emergentes, mesmo com o alívio no exterior por conta dos menores temores sobre o coronavírus.

“O IPCA e vendas no varejo não permitiram a retirada total de apostas de novo corte da Selic este ano e este é um dos fatores que ajuda a manter o dólar em alta”, avalia o diretor da Wagner Investimentos, José Faria Júnior, que segue com o alerta da possibilidade da moeda americana se aproximar dos R$ 4,40.

Para Faria, o real está proporcionalmente mais fraco na comparação com outras diversas moedas também por conta da ausência de maior fluxo para o país e pela fraqueza das commodities (com as cotações do petróleo e do minério de ferro sendo especialmente impactadas com o surto de coronavírus). “Assim, uma recuperação das commodities com algum fluxo adicional poderiam ser motivadores da queda do dólar”, avalia. No médio e no longo prazo, contudo, a tendência segue de alta para a moeda americana.

Além disso, Matheus Soares, analista da Rico Investimentos, ressalta em relatório que o fluxo de estrangeiro poderia voltar sem os juros altos caso o Brasil mostre forças para voltar a crescer. Desta forma, os últimos dados fracos da economia não ajudam na entrada do investidor de fora. “O mercado espera uma alta de 2,3% [do PIB] neste ano e 2,5% em 2021. O problema é que nos últimos anos o crescimento não veio como o esperado, e como o estrangeiro tem mais alternativas além do Brasil, ele só virá pra cá quando a economia crescer consistentemente”, afirma.

Enquanto isso, nos EUA, os dados de serviço e de indústria surpreenderam positivamente as estimativas do mercado, enquanto a temporada de resultados também aponta para um ambiente econômico saudável: quase 80% das empresas listadas no S&P500 reportaram seus números, sendo que cerca de 60% delas superaram o consenso de lucro.

Assim, a combinação do Brasil diminuindo juros sem apresentar crescimento expressivo (o que tirou a atratividade do real para o investidor estrangeiro), o fato dos EUA estarem mais atrativos em meio à economia mais forte e o “risco coronavírus” impactando emergentes faz com que o dólar siga em alta.

Somando-se isso à relativa tranquilidade do Banco Central em não atuar no câmbio, alinhado ainda ao discurso constante de que a alta da moeda americana não é reflexo da piora dos fundamentos da economia, corrobora a avaliação de que o dólar, mesmo que não suba, não encontrará tanto espaço para fortes baixas. O Credit, avalia que, caso a moeda americana volte para os R$ 4,25, essa pode ser uma boa oportunidade para ficar comprado, mostrando que os dias de dólar abaixo dos R$ 4,00 estão longe de retornar.



Fonte: www.infomoney.com.br